segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O desenvolvimento sustentável na Amazônia

A região amazônica, por sua imensa biodiversidade e sua exuberância, aparenta ser composta por terras muito férteis e cultiváveis, sem restrições ao seu uso, mas quando retirada à mata, sua capacidade de produção não dura muito, principalmente devido ao uso do fogo, o qual queima toda matéria orgânica presente no solo, deixando-o descoberto e vulnerável às chuvas e ao sol. Sua capacidade de produção depende da reposição de matéria orgânica, de nutrientes essenciais e da correção da acidez. Portanto, sem um devido manejo a produtividade dos solos amazônicos, a médio e longo prazo fica comprometida.
“O desenvolvimento amazônico não é possível na base de culturas importadas do Sul ou de outros países, mas somente a base de sua riqueza florística, que por enquanto, parece incalculavelmente rica” (PRIMAVESI, 2002, p.523). Isto significa que, para o desenvolvimento da região deve-se fazer uso das riquezas locais, adaptando técnicas de cultivo e cultivares locais, o que falta é simplesmente uma adequada política agrícola que favoreça a industrialização da produção.
Manter a capacidade produtiva de um agroecossistema, sem destruí-lo, ou sem desequilibrá-lo completamente, é algo quase impossível para os cientistas convencionais, mas para agroecólogos isto é possível mediante um devido planejamento das atividades a serem desenvolvidas e o manejo adequado dos recursos disponíveis, mantendo entre os mesmos uma dinâmica de dependência.
Quanto ao Estado de Rondônia, o seu desenvolvimento deve conciliar produção com preservação ambiental, representando uma estratégia para o combate à crise social e econômica (COSTA, 2003).
Pesquisadores e instituições estão se ocupando com o estudo de sistemas viáveis, para o combate à crise no setor agrícola. Nesse sentido, Zanetti (2005), enfatiza que uma agricultura sustentável deve ser holística, isto é, trata a produção agrícola como parte integrante de um todo composto de elementos como solo, plantas, animais e insetos em que as interações podem ser ajustadas e enriquecidas a fim de equilibrar e otimizar a produtividade. Agricultura sustentável é científica, pois ela se sustenta em conhecimento sobre os elementos do ecossistema e suas interações para alcançar seus resultados.
Para viabilizar este sistema sustentável, Zanetti (2005) sugere três linhas de ação:
1. renovação tecnológica das atividades econômicas de reconhecido impacto ambiental;
2. modernização e dinamização das atividades tradicionais ecologicamente sustentáveis; e,
3. desenvolvimento e implantação de novos ramos e atividades com potencial econômico e de sustentabilidade.
Assim, certamente, serão necessárias práticas e políticas agrícolas adaptadas à realidade amazônica. Tecnologias, estas, indispensáveis ao desenvolvimento da região, mas devem ser acessíveis e adaptáveis a cada micro-região, como é o caso da região da Zona da Mata, foco deste estudo.
Todos os cultivos na região amazônica, principalmente a formação de pastagens devem evitar o monocultivo devido à extrema suscetibilidade a pragas e doenças. O polifitismo amazônico deve ser mantido rigorosamente para evitar os perigos da multiplicação unilateral de alguns insetos ou microorganismos, que neste clima é explosivo. No que se refere às pastagens, os sistemas silvo pastoris são uma das principais saídas, introduzindo capins e leguminosas, que, além de servirem como fixadoras de nitrogênio atmosférico, são uma rica fonte de proteína para o gado (PRIMAVESI, 2002, p.516).
  Desenvolver novas atividades é outro desafio importante a ser seguido. Nestas se incluem práticas como os consórcios agroflorestais, sistemas silvopastoris, cultivos em consórcio entre outros. Para Primavesi (2002, p. 523) todas as técnicas usadas na Amazônia devem seguir a seguinte orientação:
1.            Manter o solo com uma estrutura física favorável, para que as plantas possam desenvolver-se sem nenhum impedimento. Sem uso do fogo, que provoca o adensamento do solo, vitrificando os solos arenosos e repelindo a água em solos argilosos;
2.            Manter o solo sempre com alguma cobertura e evitar o preparo tradicional com arado e grade por exporem o solo ao sol e a chuva;
3.            Usar culturas adaptadas a região as quais conseguem absorver os nutrientes do solo e que estão adaptadas ao clima;
4.            Manter sempre um nível bom de matéria orgânica;
5.            Usar termofosfatos magnesianos ou fósforos naturais na adubação, se esta for necessária;
6.            Não plantar áreas muito grandes, protegendo os plantios contra os vento e a radiação solar. As áreas ideais são de 0,5 a 1,2 hectares. 
Portanto, observamos que o desenvolvimento rural sustentável pode ser possível mediante o uso e implementação de técnicas adequadas a cada região, bastando aos centros de pesquisa vontade política e científica de aplicar suas pesquisas na propriedade, incluindo o saber popular e o científico.
Urge uma mudança nos moldes atuais de agricultura, pois as conseqüências do mau uso dos recursos naturais já estão ficando visíveis.


Nenhum comentário:

Postar um comentário