segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desenvolvimento Sustentável

Definição de Desenvolvimento Sustentável
Conforme Altieri (2002, p.115) a maioria das definições de desenvolvimento sustentável incluem três áreas, isto é: a manutenção da capacidade produtiva dos agroecossistemas, a preservação da biodiversidade e a capacidade do agroecossistema em manter-se. Sabe-se que uma das características mais importantes é a capacidade de produção ao longo do tempo, sendo que o desenvolvimento sustentável traz em si esta premissa, de rendimento contínuo sem degradar o ambiente, mas estas duas, geralmente são consideradas incompatíveis. A produção agrícola depende da utilização de recursos, enquanto que a proteção ambiental requer conservação.
Quanto mais diversificado um agroecossistema, mais vida e mais interações ocorrem entre os componentes. Ocorre a presença de predadores e pragas, plantas invasoras e companheiras, protegendo-se umas as outras, através de seus mecanismos de ação. Tornando-se, em comparação aos monocultivos, mais produtivos e sustentáveis.
Na Agenda 21, nos itens 14.2 e 14.3 do capítulo 14 sob o título: Promoção do Desenvolvimento Rural e Agrícola Sustentável lê-se que
o desenvolvimento rural e agrícola sustentável, só será possível mediante ajustes nas políticas para a agricultura, o meio ambiente e na macroeconomia, tanto no nível nacional como internacional. Portanto, o principal objetivo do desenvolvimento rural e agrícola sustentável é aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e incrementar a segurança alimentar, envolvendo iniciativas na área da educação, o uso de incentivos econômicos e o desenvolvimento de tecnologias novas e apropriadas a cada região (item 14.2, Agenda 21).
Para assegurar o sustento de uma população em expansão é preciso dar prioridade à manutenção e aperfeiçoamento da capacidade das terras agrícolas de maior potencial. No entanto a conservação e a reabilitação dos recursos naturais das terras com menor potencial, com o objetivo de manter uma razão homem/terra sustentável, também são necessárias. Os principais instrumentos do desenvolvimento rural e agrícola sustentável são a reforma da política agrícola, a reforma agrária, a participação, a diversificação dos rendimentos, a conservação da terra e um melhor manejo dos insumos. O êxito do desenvolvimento rural e agrícola sustentável dependerá em ampla medida do apoio e da participação das populações rurais, dos Governos nacionais, do setor privado e da cooperação internacional, inclusive da cooperação técnica e científica (item 14.3, Agenda 21).
Desenvolvimento sustentável, nada mais é do que manter a capacidade produtiva de um espaço, de uma área. Portanto, isto só será possível mediante uma política agrícola adequada a realidade e consequentemente uma vontade política de fazer uma agricultura mais humana, voltada não somente para maximização da produtividade, mas principalmente para otimização tanto quantitativa como qualitativa do sistema agrícola como um todo.
Alternativas para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável
A busca de uma agricultura auto-suficiente, diversificada e com baixo uso de insumos é uma grande preocupação de agricultores, pesquisadores e políticos. Segundo Altieri (1987, p.151) a estratégia chave da agricultura sustentável é a restauração da diversidade na paisagem agrícola (apud ALTIERI, 2002).
Para Primavesi (2002, p.523), “se usarmos técnicas próprias às condições locais teremos uma região florescente e próspera”, pois agricultura sustentável significa a busca de rendimentos duráveis, com uso de tecnologias e de um manejo ecologicamente adequado, isto requer que o sistema esteja orientado para otimização e não para maximização da produtividade, levando em consideração não somente a produção econômica mas principalmente a estabilidade ecológica e a sustentabilidade.
Os princípios fundamentais de um agroecossistema sustentável são a conservação dos recursos renováveis, a adaptação de espécies cultivadas ao ambiente e a manutenção de um elevado nível de produtividade, sendo que a principal estratégia é reconstruir a diversidade agrícola no tempo e no espaço através de práticas como rotação de culturas, policultivos, cultivos de cobertura, integração entre vegetais e animais (ALTIERI, 2002).
Para Bartholo e Bursztyn (1999, p.141),
o planejamento do desenvolvimento sustentável, para as próximas décadas, é o da verticalização do sistema produtivo. Só com saltos tecnológicos que permitam produzir mais riquezas com menos consumo de recursos naturais e, portanto, com menos custos ambientais, será possível incrementar o nível de prosperidade do sistema econômico local, e consequentemente, da população.
Para Casado (apud CAPORAL, COSTABEBER, 2003), a Agroecologia baseia-se no conceito de agroecossistema como unidade de análise, tendo como meta proporcionar as bases científicas (princípios, conceitos e metodologias) para apoiar o processo de transição do atual modelo de agricultura convencional para estilos de agricultura sustentável. Então, mais do que uma disciplina específica, a Agroecologia constitui um enfoque científico que reúne vários campos de conhecimento.
Portanto, é preciso deixar claro que a agroecologia não oferece uma teoria sobre desenvolvimento rural, sobre metodologias participativas e tampouco sobre métodos para a construção e validação do conhecimento técnico. Mas busca nos conhecimentos e experiências já acumuladas em investigação-ação participativa, por exemplo, um método de intervenção que, ademais de manter coerência com suas bases epistemológicas, contribua na promoção das transformações sociais necessárias para gerar padrões de produção e consumo mais sustentáveis (CAPORAL, COSTABEBER, 2002, p.3).
Na Agenda 21 estão inclusas as áreas de atuação, para que o desenvolvimento rural possa ser realmente sustentável, conseqüentemente há a necessidade de reformulação do sistema atual de agricultura. Portanto, as áreas de atuação propostas são as seguintes:
a) Revisão, planejamento e programação integrada da política agrícola, à luz do aspecto multifuncional da agricultura, em especial no que diz respeito à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável;
(b) Obtenção da participação popular e promoção do desenvolvimento de recursos humanos para a agricultura sustentável;
(c) Melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do emprego agrícola e não-agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura;
(d) Utilização dos recursos terrestres: planejamento, informação e educação;
(e) Conservação e reabilitação da terra;
(f) Água para a produção sustentável de alimentos e o desenvolvimento rural sustentável;
(g) Conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos vegetais para a produção de alimentos e a agricultura sustentável;
(h) Conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos animais para a agricultura sustentável;
(i) Manejo e controle integrado das pragas na agricultura;
(j) Nutrição sustentável das plantas para aumento da produção alimentar;
(k) Diversificação da energia rural para melhora da produtividade;
(l) Avaliação dos efeitos da radiação ultravioleta decorrente da degradação da camada de ozônio estratosférico sobre as plantas e animais.

Subentende-se que em todos estes itens esteja incluída uma forma de agricultura mais sustentável, preocupada com o futuro. Consequentemente podemos afirmar que a agroecologia pode ser entendida como uma forma de manejo agrícola sustentável.

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