sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Produtores atendidos pelo Proasa mostram resultados

 “Minhas plantas de tomate estavam com ferrugem. Para resolver, segui as orientações do Proasa e triturei cascas de ovos e joguei nas plantas, joguei biofertilizante no chão e nas folhas e os pés de tomate que estavam amarelos agora estão assim, verdes e carregados de frutos”. O depoimento – cheio de orgulho – é de Izilda Fronholz, de Espigão do Oeste, no estado de Rondônia.
Izilda possui uma horta, quase um “oásis”, diversificada, em meio a paisagem de pasto que nesta época do ano fica completamente seca. Ela sustenta as três filhas – uma delas na faculdade – com a venda dos seus produtos na feira. Nestes poucos meses em que está sendo acompanhada pelo Projeto de Agroecologia do Sínodo da Amazônia (Proasa), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), passou a utilizar técnicas de cobertura de solo e fertilizantes naturais, o que resultou em melhora de qualidade e de produtividade da horta.

A família de Izilda, assim como outras 19, estão sendo atendidas pelo Proasa na sua transição para a agroecologia. A assessora de projetos da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), Juliana Mazurana, que acompanha a execução do projeto, visitou algumas propriedades junto com a diaconisa e engenheira agrônoma Roseli Magedanz, coordenadora do Proasa. “As orientações técnicas são muito simples, mas em pouco tempo os resultados estão visíveis”, confirmou Juliana.

“Fiz R$ 300,00 só vendendo abóboras na feira”, comemora Josias Tech, de Espigão do Oeste. “Já estou plantando de novo.” Junto com a esposa Alice, Josias começou uma horta orgânica depois de ter sido gravemente intoxicado por uso de agrotóxicos, especialmente para o controle de parasitas no gado. Passou a trabalhar como pedreiro e guarda noturno para garantir o sustento da família. Com incentivo do Proasa e com muito esforço iniciou uma horta, ainda pequena, onde colhe quiabo e abóboras. O cultivo do abacaxi, rústico e adaptado ao solo e ao clima da região, complementa a renda familiar. Animado, planeja em breve voltar a viver apenas da agricultura, desta vez ecológica.

Na cidade de Cacoal, a visita foi feita a Antônio e Fátima Custódio, que têm uma caminhada mais longa na produção ecológica. Eles saíram do Paraná há muitos anos, onde plantavam soja, e foram para Rondônia. O objetivo da mudança foi produzir sem usar químicos, de forma a conservar a biodiversidade. Através de técnicas de base ecológica, como cobertura de solo, adubação verde e compostagem, recuperaram o solo – que estava degradado – da propriedade adquirida.

O conhecimento e o amor de Antônio e de Fátima fazem deles multiplicadores da proposta agroecológica. Hoje, manejam áreas agroflorestais, utilizam o programa de agricultura integrada e sustentável (PAIS), extraem látex de seringueira, produzem café, plantas medicinais, frutas diversas e criam pequenos animais. “Ouvi-los é suficiente para ficar encantado com a riqueza e as possibilidades da floresta amazônica”, disse Juliana.

Leia mais sobre o Proasa em proasa.blogspot.com



Juliana Mazurana viajou de primeiro a 20 de agosto, visitando projetos apoiados pela FLD na região norte do país. Nos dias 2 e 3 de agosto, esteve na Rondônia, acompanhada pela coordenadora do Proasa, Roseli Magedanz. 


Na foto da home: Antônio Custódio, em Cacoal, e o amor pela terra e pela biodiversidade da região amazônica.

Imagens
http://www.fld.com.br/noticia.php?ID=186

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Agroecologia e Sustentabilidade

O termo agroecologia é formado da junção de duas palavras: “Agro” que vem de agricultura, manejado pelo ser humano e “ecologia” que, conforme Ana Primavesi, deriva da palavra grega “oikos” que significa lugar. Trabalha interligado com os sistemas naturais de um dado lugar; incluindo solo, sua vida, estrutura, água, minerais, declividade e até a atividade humana. Ecológicos são os ciclos e equilíbrios naturais de um lugar, em que o ser humano pode estar incluído. Quando se pensa em agroecologia, logo vem à mente uma agricultura sem uso de agroquímicos, mas ela é mais ampla, possui uma abordagem social, cultural, econômica e ecológica, e desta maneira, estuda as inter-relações existentes entre todos estes fatores.
A agroecologia leva em conta tanto o sistema agroecológico como o social, no qual trabalham os agricultores, não se baseia somente nas pesquisas realizadas em centros experimentais e laboratórios, mas prioriza os experimentos nas propriedades, valorizando o saber impírico e a participação dos agricultores no processo de pesquisa. Portanto, podemos afirmar que a agroecologia deve ser construída em conjunto e para que isto se torne possível, faz-se necessário que todos os setores envolvidos tenham vontade política para colocar esta ciência em prática.
A política agrícola moderna evoluiu muito, mas ainda está restrita às técnicas descritas em teorias, sem levar em conta a verdadeira aptidão das diferentes regiões. Alicerçadas e construídas a partir de modelos importados e práticas inadequadas, tais políticas cooperam para o processo de degradação ambiental, cultural, econômico e social.
A agroecologia, vem ganhando espaço como alternativa em direção ao desenvolvimento rural menos predatorio, buscando um uso mais sustentável das terras e do meio ambiente. Neste sentido podemos citar tres aspectos que são impresindíveis na agroecologia:
1.    Consome menos energia pois aproveita os recursos existentes dentro da propriedade, diminuindo a dependência dos insumos externos, como adubos químicos, agrotóxicos.
2.    Paisagem torna-se mais atrativa, isto é, a diversidade de produção tem como consequência a sustentabilidade do sistema agrícola, incentivando assim a preservação do ambiente de produção.
3.    E o resultado de tudo isso é a geração de renda, fazendo com que as famílias permaneçam no campo, produzindo a consumindo alimentos saudáveis.
         Como PROASA – Projeto de Agroecologia do Sínodo da Amazônia, estas são as principais ênfases que devemos levar em conta quando buscamos uma agricultura sustentável. Ela deve ser livre de dependências externas, adaptada a região, gerar renda e acima de todo valorizar o saber daqueles que produzem os alimentos que consumimos.
         Assim em poucos meses de pratica podemos citar vários exemplos de sucesso das praticas agroecológicas e de vitórias pequenas para aqueles que estão fora do processo. Um exemplo visível é da família Tech de Espigão do Oeste que plantou abóboras em uma pequena área, e está colhendo toda semana uma quantia que lhe rende de R$ 70,00 a 100,00, só de abóboras, pois eles vendem abacaxi, quiabo, maracujá, maxixe e outros legumes. Parece pouco recurso, porém precisamos levar em conta o investimento mínimo, pois os adubos utilizados foram o biofertilizante e a compostagem, tudo feito pela família e a mão-de-obra é própria também.
         A sustentabilidade vem com estas pequenas vitórias e com expressões da família Tech, “São coisas simples, como a compostagem e o biofertilizante, que temos em nossa propriedade, mas que fazem a diferença na produção”.
         Sustentabilidade ocorre com ações praticas no campo e na cidade. Estamos muito no discurso da sustentabilidade e pouca pratica, por isso, façamos nossa parte e produzindo menos lixo, menos poluição, falando menos e fazendo mais.